Cinco Lições sobre Família que Aprendi nos Últimos Anos.
Josimar Salum
1 - O relacionamento entre casais, irmãos, tios, primos, familiares precisa ser cultivado.
Todo relacionamento produz rusgas, desafios, atritos, surtos de convivência. Mas geralmente as reclamações do outro invariavelmente originam-se de expectativas egotistas que o outro não pode satisfazer.
Quando o sentimento de dar e doar apequena, quando a generosidade no coração abaixa o nível e quando se espera mais do outro do que desejamos oferecer, geramos uma crise enorme na convivência do lar.
Em outras palavras, quando não crescemos, quando envelhecemos mas não amadurecemos, quando insistimos em continuar sendo crianças, os membros da família se distanciam de nós, rompemos vínculos, destruímos a paz por conta da nossa infantilidade.
É fato que existem aqueles que sempre serão bebês, que demandarão sempre seus desejos, que abusarão da bondade dos outros para explorar, que ficarão sempre à margem como seres improdutivos. Mas não serão estes que ditarão nosso modo de viver. Iremos conviver uns com os outros e iremos interceder ao Pai para resolver estas questões.
Cultivar relacionamento demanda tempo útil, gestos de carinho e afeto, disposição em servir, e um coração enorme para perdoar.
Cultivar relacionamento é orar um pelo outro, é desejar o bem para o outro, é conversar de vez em quando um com o outro, é visitar um ou outro e é reprimir e expurgar o sentimento mais animalesco e diabólico que um ser humano pode nutrir que é a inveja, o ciúme.
Cultivar relacionamento é amar, não de palavras, mas de verdade! E o melhor exercício para amar é fazer o bem de modo prático, mesmo que seja na forma de pequenos gestos.
2 - O relacionamento entre casais, irmãos, tios, primos, familiares precisa ser regado com oração.
Oramos por todo mundo, mas não oramos um pelo outro em nossas famílias.
Mas quando oramos desejamos o bem. Quando oramos falamos o bem. Ninguém consegue em sã consciência falar mal de alguém pelo qual ora. A melhor maneira de vencer no coração o ódio contra aquele que se tornou teu inimigo é orar por ele.
É isto que significa este texto: “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Romanos 12:17-21
3 - O relacionamento entre casais, irmãos, tios, primos, familiares precisa ser disponibilizado
Vivemos em constante movimento, num frenesi de atividades que nunca tem fim e as necessidades da vida nos levam a isolarmos-nos em nosso mundo pessoal de necessidades e trabalho, mesmo rodeados de pessoas que nos amam. Parece que só vamos entender estas coisas quando vamos envelhecendo, com a vinda dos netos, com a conclusão tardia de que nossa ânsia por prover para a família nos desproveu de vivermos a alegria de ser família por muitos anos.
Ninguém faz aquilo que não quer. Dizer que não tem tempo ou qualquer outra desculpa é só mascarar a vontade que não pode ser exposta. Se quiser faz e faz a qualquer hora. Coloca na agenda. É como ficar doente, a qualquer hora do dia ou da noite, a dor interrompe tudo. Vai para o hospital à força, mas vai.
Familiares muitas vezes somente se veem em funerais. Não tinham tempo antes para aquela visita, não tinham dinheiro para aquela viagem, mas basta morrer alguém que todo mundo se encontra na igreja para velar o corpo e no cemitério para dizer o último adeus.
4 - O relacionamento entre casais, irmãos, tios, primos, familiares não pode ser monetizado
Tenho observado que enquanto a ajuda financeira estiver fluindo o relacionamento está ativo. A mãe que socorre financeiramente o filho, a tia que acode o irmão, enfim, não pode cortar a “bolsa”, se acontecer, acaba o relacionamento.
Há pessoas nas famílias que veem nos parentes obrigação deles de ajudarem financeiramente. E se tornam dependentes. Há muitos que foram servidos à vida inteira em tudo, mas se uma negativa acontece, o mundo desaba.
Tenho observado que a gratidão nunca vem da abundância, do que está sobejando, do excesso. Geralmente a gente agradece muito aquilo que é raro, que não acontece com frequência, que pinga, valorizamos o sazonal, o que acontece de vez em quando.
É o menino que sobeja sorvete, porque o congelador está cheio. É o adolescente que abre a geladeira cheia de tudo quanto é alimento e diz “estou com vontade de comer uma coisa gostosa, mas não sei o que é.”
É o parente que recebeu a vida inteira ajuda em tudo, mas se enfurece e fica magoado quando a ajuda não vem mais.
É aquele familiar que nunca pagou nada, mas quando é cobrado e pode pagar, vê a obrigação do outro para continuar fazendo de graça.
É o filho que usava o carro do pai e continua usando sem pagar pela gasolina. É aquela pessoa que usa um bem do parente, mas pensa que é vitalício. E que começa a medir por valores o que não pagou a vida inteira, comparando cebolas com cebolas, quando comeu da horta inteira por muito tempo.
Mas a monetização do relacionamento pode ser desfeita quando o senso de Justiça, a compreensão do lado do outro e a bem aventurança de dar do que receber enchem o coração. Acaba quando a alma acalma à serenidade em descobrir o valor do relacionamento acima de qualquer valor monetário.
5 - O relacionamento entre casais, irmãos, tios, primos, familiares é o bem mais precioso
Sempre haverá ofensa em relacionamentos. Sempre teremos decepções. Sempre haverá dores, mas o que mais causa dano é a traição, a deslealdade, a infidelidade.
Alguém que amamos sempre dirá um dia alguma coisa que não concordamos.
A frase, porém, “isto eu não perdoo” não pode prevalecer.
É preciso treinar o coração para perdoar imediatamente.
Não se pode deixar o sol se por sem perdoar.
Não se pode deixar a amargura e a mágoa abrigarem no coração para apodrece-lo.
Não se pode medir o tamanho da ferida com a própria ferida. É preciso comparar a nossa ferida com as feridas no corpo de Jesus, de Sua trajetória do jardim até ao Gólgota. Sem esta perspectiva tudo fica gigantesco e impossível de perdoar.
“E, se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas tuas mãos?, dirá ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos.” Zacarias 13:6
Mas o que Ele diz ainda? “Eis que, na palma das minhas mãos, te tenho gravado; os teus muros estão continuamente perante mim.” Isaías 49:16
Somente a Graça de Deus pode operar o perdão em nosso coração. Ouvi alguém dizer: “Você acabou com uma amizade de muitos anos.” É mesmo? O tamanho da dívida do outro é muito maior do que o tamanho da dívida gigantesca que Deus nos perdoou.
Não há relacionamento nem amizade que sobreviva se não for por Amor, nem mesmo as melhores famílias da Terra não conseguem se perpetuar em benção se não for através do perdão.
E o que conta na vida e que realmente satisfaz e alegra ilimitadamente é o relacionamento que temos um com o outro
Se o Senhor nos der Graça iremos aprender e viver por estas palavras. É o Evangelho na versão mais verdadeira.
#ASONE
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