sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Não vejo mais prazer em cima dos altares. Por Josimar Salum

























Não vejo mais prazer em cima dos altares
Josimar Salum 

“Não consigo mais me adequar à igreja nenhuma. Fui ministro de louvor durante muitos anos, viajando ao Brasil inteiro, porém não vejo mais prazer em estar  em cima dos altares. O que fazer? Há algo errado em mim?”

Recebi esta mensagem de um jovem cristão desesperado. Mas eu queria saber de alguém que aprofundou seu relacionamento com Jesus. A vida com Jesus é muito simples, é como alimentar-se de “arroz com feijão” todos os dias, sem banquetes e dietas mirabolantes. É a simplicidade do dia a dia, a mesma batida de sempre, sem exagero. Quando alguém precisa ficar inventando é porque não está satisfeito com Jesus no dia a dia. “O pão nosso de cada dia da-nos hoje!” Vida com Jesus é vida, um dia de cada vez, sem perder um. Quando alguém começa a perder seu encontro com Jesus, um dia sim, um dia não, vai acabar perdendo de vez a comunhão e o prazer na vida.

Perseverar na doutrina dos apóstolos é perseverar no Evangelho puro e simples.

Conhecer o Evangelho carece apenas de uma Bíblia, uma jarra de água, uma sanduíche de pão, um lugar solitário e muita fome e sede de Deus como nunca experimentado. Encontrar Jesus pessoalmente a cada dia e se satisfazer Dele. Quem quer? Hoje, amanhã, todos os dias. Sem cessar.

Parecerá meio esquisito todos os dias tal encontro assim, com as páginas dos Evangelhos abertas, leitura desapressada, invocação do coração intensa. Como quem nunca fica satisfeito. Como alguém desesperado por água numa terra seca. Como alguém que não fica satisfeito com nada senão com o que deseja alcançar. Não haverá respostas imediatas. Às vezes, Deus se esconde. Parecerá que Ele não ouve. Mas é a insistência diária que vai te conduzir a encontrar ao Senhor quando o buscares de todo o coração. 

Igrejas não satisfazem ninguém. O que encontrou Jesus para valer já está satisfeito. Assistir a um culto religioso, a maioria das vezes, é participar de um serviço. O “ministério” presta um serviço aos membros. Tudo já está planejado, preparado, ensaiado e 90% apenas participa do programa. Os outros 10% *ministram* comandado pelo apresentador, o pastor. É como um programa de diversão. Em inglês até o nome é condizente: “worship service”, ou seja, serviço de adoração. Os cultos brasileiros são cópias exatas dos cultos americanos e europeus. Quando há quem dirige o povo ao louvor dos céus e há quem pregue o Evangelho verdadeiro, vale a pena. Mas geralmente muitos cultos são apenas aglomerações religiosas. 

Quiçá todas essas fossem reuniões dos santos para comunhão verdadeira, conversas demoradas de edificação, olhando diretamente face a face e não nas nucas dos santos, ao invés de serem comandados de uma plataforma, de um púlpito. A verdade é que tudo isto é estranho à Igreja do Novo Testamento. 

Mas o sistema é o mesmo quase em todo lugar. Altares, todos eles são fabricações humanas, muitos são apenas plataformas para os “ministros”. Na Igreja de Deus não existem ministros da Palavra, ministros de louvor e ministros de intercessão, não há levitas nem sacerdotes especiais. Todos os salvos e santos são ministros, da Palavra, do Louvor, da Oração e de uns para com os outros. 

A Igreja não é um show Business. Todos os artistas Gospel, mesmo salvos e os santos entre eles, são dispensáveis à Igreja de Deus enquanto Igreja. São necessários e importantes no Reino para levarem através de sua arte a mensagem do Evangelho à sociedade e influenciarem a cultura, mas nada tem a ver com a Igreja, a Igreja de Deus. Não há artistas na Igreja. O espetáculo grego serve ao Panteão e aos seus deuses, mas não à congregação dos santos. Os aplausos, a tietagem, a comercialização, o “merchandise”, os ingressos, as roupas, o glamour, o corporativismo, a carreira, os contratos milionários, nada tem a ver com a Igreja. 

Se você encontrava prazer nos altares não era o prazer de Deus. Qualquer prazer neste mundo é assim mesmo. Passa. Igrejas mil, com seus altares, muitas mesmo, e o mundo, são feitos do mesmo material. 

Há mesmo este prazer dos altares evangélicos neste sistema todo desenhado para funcionar sem o Espírito Santo. As igrejas evangélicas e protestantes não precisam de Deus para funcionar. Tudo já está programado, engrenado, tanto que uma após outra, as que se dividem das outras, tem o mesmo programa, a mesma liturgia, a mesma hierarquia, com apenas algumas variações. 

Há, todavia, tantos homens e mulheres de Deus entre nós, verdadeiros, que servem aos santos dentro destas casas, que sonhamos experimentem a Igreja como Jesus vivenciou e planejou. 

“Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!” Salmos‬ ‭84:1-3‬ ‭ARA‬‬

Há milhares de anos que os templos, nem o construído por Salomão, nenhum deles, são habitados por Deus. Se você e eu não encontrarmos os altares do Senhor em nossa comunhão com Ele e na comunhão com os santos não encontraremos em estrutura e em lugar algum. É certo, porém, que existem milhares e milhares de reuniões em toda a Terra em que o Senhor está presente. 

Se eu não encontrar Deus em nenhuma destas reuniões, nem mesmo quando me encontro com algum irmão ou irmã na rua, o problema sou eu.

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