O que decidi sobre o Natal?
Josimar Salum
Há uma corrente entre os evangélicos de combate à comemoração do Natal. Alguém me escreveu: “Nós somos de Jerusalém e não de Roma. Temos que resgatar tudo aquilo que nos foi roubado, o que vem dos judeus e não um costume imposto, de Roma. Esse Natal não é dos cristãos... Este altar de enfeite de luzes na cidade que nossas crianças aprendem a admirar, não passa de um altar a um deus pagão. A nossa cultura e costumes têm prendido muitos cristãos à Roma, quando a revelação da Palavra veio pelos Judeus (de Jerusalém); temos que resgatar as festas Bíblicas, instituídas pelo nosso Deus.”
Segundo esta corrente evangélica da não comemoração do Natal, não darei mais presentes para meus familiares e amigos porque “troca de presentes... nesta data significa que adoramos a um deus pagão, onde o ritual nórdico exigia que eles fossem para as montanhas de madrugada e lá chorassem em sacrifícios. Esperavam os primeiros raios de sol da manhã e entregavam presentes uns aos outros, em adoração, dizendo: “Que você jamais esqueça dos deuses sobre nós”.
“O presente significa eternizar o pacto, trazer a benção dos deuses. Tertuliano, teólogo católico, disse que não podia compactuar com essa mentira, o sol nunca pode ser deus, porque o Deus dos cristãos foi Aquele que criou o sol.”
Quem, discípulo de Jesus, em sã consciência daria um presente ao seu filho como se estivesse adorando ao Sol? Que exagero é este entranhado num coração religioso? Quem descansa ou observa o domingo nos Estados Unidos e com isto está adorando o Sol, por domingo em inglês é “Sunday”, o dia do Sol ou “Monday” que é o dia da lua? Que poder estes “mitos” têm em impor um significado ao meu gesto de dar um presente como se tivesse adorando alguma divindade? Como se ao visitar uma igreja me tornasse devoto do santo para a qual foi construída, como se tomasse um banho no Rio Ganges me fizesse um praticante da purificação hindu ou se ao visitar Meca, se pudesse, me tornasse um muçulmano. Não é intenção do coração que o faz adorador assim como Deus disse que “este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim?
Que mal faz, à despeito do “frenesi” mercantilista das lojas, desfrutar das nuances culturais do Natal, ou seja, de seus aspectos e das tênues diferenças entre eles, desde que não me torne partícipe das obras infrutuosas das trevas que são a avareza, a idolatria, a impureza e a cobiça? (Ver Efésios 5). Que mal ou que pecado existe em admirar-se na época de Natal a criatividade das ruas enfeitadas com luzes brancas, vermelhas e azuis; em meio ao calor dos dezembros brasileiros imaginar a neve, olhando para o algodão branco nas árvores e no chão ou de dar e receber presentes sem com isto estar adorando algum deus? E mesmo sabendo que Jesus não nasceu em Dezembro, no inverno dos Estados Unidos?
Pois na verdade, os pais, discípulos de Jesus que dão presentes aos seus filhos não têm nada a ver com a prática nórdica, nem sabem lá o que significa aquilo!
Na minha própria casa nunca tivemos árvores de Natal, muito menos com pentagramas, bolas, guirlandas, guinomos e outros bichos, entretanto, conheço centenas de casas de amigos e familiares cristãos que enfeitam suas casas com “árvores de Natal” sem nenhum símbolo pagão. “Ah! A árvore já é um símbolo pagão!” Pagão para você que vê tudo neste mundo como impuro. Por que os julgaria e num arroubo de fanatismo diria que nem árvore deveriam ter porque até a árvore já é um símbolo pagão? Quem fez a árvore não foi o próprio Jesus, o Criador? Como o arcoíris passaria a ser agora um símbolo de algum movimento humano quando de fato é o símbolo da aliança que Deus fez com o homem para não mais destruir com água o que há sobre a Terra?
Há alguns anos participei de um concerto de Natal na escola de meu sobrinho Filipe. Todos os alunos, mais de 700, praticamente lotaram o auditório.
Uma linda orquestra de violinos, violoncelos e um piano tocaram hinos de Natal que anunciavam a vinda do Salvador Jesus ao mundo.
A orquestra composta pelos próprios alunos da escola entoou peças musicais sobre a Alegria de todos os homens.
Em seguida, um coral de adolescentes cantou a respeito do Verbo que se fez carne, do menino que encheu de admiração os presbíteros do templo de Jerusalém pelas respostas que deu a eles.
O coral cantou também sobre o homem de Nazaré, o Filho de Deus, que foi até ao Jordão ser batizado por João.
O coral cantou sobre a voz que ouviram naquele dia: “Tu és Meu Filho Amado em Quem está todo o Meu prazer.”
O coral de adolescentes cantou a oração do jardim, que Jesus fez ao Pai no Getsemâni e da resposta que Lhe deu dizendo que faria a Sua Vontade.
O coral cantou de Sua crucificação e morte, de Seu sepultamento e de que ao terceiro ressucitou.
O coral com suas canções proclamou o Evangelho.
Fiquei maravilhado só em pensar que somente aqui nos Estados Unidos milhares e milhares de escolas celebraram esta semana a mesma festa, uma tradição desde os primeiros colonizadores cristãos que aqui chegaram, numa época que não havia “shopping centers” nem toda esta “extravaganza” relacionada com esta data.
Ao mesmo tempo, fiquei aterrorizado só de pensar que tudo o que está relacionado ao Natal, especialmente e exclusivamente no que diz respeito ao nascimento de Jesus, a única coisa que ainda resta de menção a Jesus Cristo, no meio do que hoje conhecemos ser esta cultura corrompida e perversa, venha a desaparecer por conta de um movimento de evangélicos para acabar, destruir e eliminar o Natal e as suas festividades.
Fiquei aterrorizado em pensar seriamente que é assim mesmo que acontece na Rússia, na Coréia do Norte, no Vietnan e na China comunistas com seus bilhões de habitantes, nos países mulçumanos também com seus milhões e milhões de habitantes, em toda a Índia e seus países vizinhos com seus milhões e milhões de habitantes, enfim, em praticamente toda a Ásia e Oriente. Não existe Natal!
Quando seus milhões e milhões de crianças acordam pela manhã no dia 25 de Dezembro não existe a mínima menção ou mesmo a ínfima possibilidade de alguém perguntar que data é esta tão especial a respeito de um nome Jesus.
Porque a metade do mundo não conhece os paganismos do Natal, é verdade, muito paganismo; não conhece a alegria de presentes que se encontram no caminho, que compartilhados hoje não têm nada a ver com a prática dos pagãos de centenas de anos atrás, mas também não podem ouvir a história do Salvador que veio ao mundo, que nasceu em Belém, seja lá que dia foi. Não ouvem sobre o Deus que se fez carne e habitou entre nós, e vimos a Sua Glória como a Glória do Unigênito do Pai.
Só por um arroubo de fanatismo decidiria jamais celebrar com meus familiares e milhões e milhões de cristãos o Natal de Yeshua, sim, o nascimento de Jesus.
Somente numa leve imaginação deixaria de cantar Seus hinos lindos, do Salvador que veio ao mundo.
Só na imaginação e muito passageira, deixaria de perder a oportunidade para proclamar a Mensagem da Cruz e o significado do Nome de Jesus, o Salvador dos pecados de Seu povo, no meio de toda esta comercialização avarenta e de todos os símbolos pagãos que foram associados ao Nascimento do meu Salvador.
Decidiria sim, só como um leve vapor em minha cabeça riscar de vez a única oportunidade de proclamar e redimir a verdadeira mensagem do Evangelho do Reino que ainda resta no meio da cultura.
Quem nasceu em Belém não foi um menino. Quem nasceu em Belém foi o Rei de toda a Terra. E eu O adoro de todo o meu coração e vibro como criança novamente sobre o Natal que para mim e ainda milhões de pessoas continua e continuará sendo a respeito do Nascimento de Jesus.
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