Os Dois Natais
Dr. Carlos Alberto Figueiredo
Não havia um castelo abrigando uma fábrica de brinquedos e chocolates. Havia uma estrebaria onde os animais eram recolhidos em busca de abrigo contra o frio da noite!
Não havia um trenó voador puxado por renas que até nomes de batismos tinham: Rodolfo, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago. Ao invés disso um único jumento anônimo, estrupiado pela caminhada exaustiva carregando um peso excessivo!
Havia uma mulher quase menina, com o corpo deformado por uma gravidez em nono mês.
Um homem, ao que se supõe não tão novo, afeito ao trabalho e à luta, mas tendo percorrido a pé, o sobe e desce de montanhas na estrada desde Nazaré até Belém, encontrava-se agora tão exaurido quanto o jumento.
Ao invés da cama de dossel havia um cocho cheio de palhas, alimento para os animais durante a noite. Este é o cenário que envolveu o nascimento do Salvador.
Na madrugada ocorrera a visita dos pastores que ainda mal recuperados da aparição angelical, em obediência foram até a manjedoura, onde se prostraram reverentes diante de um recém nascido Salvador e de lá voltaram abençoados para o campo e para a rotina dos rebanhos.
Os magos, que nada assegura que eram reis, magos ou que foram três, batizados pela tradição de Baltazar, Gaspar e Belchior, nunca estiveram na estrebaria. Visitaram, adoraram e entregaram seus presentes a Jesus, agora instalado em uma casa.
Papai Noel nunca apareceu na casa, tampouco na manjedoura, nem naquele Natal e em nenhum outro. Como o conhecemos hoje, com rosto de bom velhinho, corpo de gnomo estilizado, vestindo o vermelho da Coca-Cola, com um saco de presentes às costas é o resultado de um conjunto de lendas, mentiras e muito marketing.
Qual das versões você vai ensinar para seus filhos neste Natal?
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