quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Roda, a roda Dágua por Deivison Fonseca

Roda D'água, Rio Pomba, Cisneiros, MG, Brasil 

Roda a roda d'água
a água que vem da montanha, 
as lágrimas do sereno!
No Rio Pomba, roda pela água.
Serena, mansa, suave, tranquila. 
Desce rindo, em gargalhadas, nas cachoeiras sacudindo as flores e as folhagens debruçadas nas margens,
as nuvens derretidas e chorosas 
fugindo do estrondo no céu.

Riqueza da vida, que desce do Alto,
dançando veloz entre as pedras,
sem manchar seu vestido.
Vestida de noiva, suas bodas de prata,
escorre devagar entre a mata.
Molha a corsa sedenta 
e o seco coração do poeta.
Faz cantar algumas canções 
um botão de rosa.
Quem sabe os lírios também cantam!
E os meus olhos que veem mais que águas.

Voa sorrateira ao sol, 
Abraça quente, 
peixes e martinho-pescadores,
Desce em rio, desce ao mar,
faz girar a roda d'água!
Gira a pedra, faz fubá.
cantarola alegre, 
viaja pelos campos a sua melodia ao luar,
beija a terra um beijo molhado.

Vem da serra, vem da chuva,
transborda o leito do rio 
e faz os olhos do pescador brilhar.
Olha! Já cessou a tempestade,
a tormenta já passou!
E os meus olhos veem a manhã 
que rasgou a noite.
Depois da chuva, depois do temporal,
ainda roda pelas águas a roda d'água.

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